Distante do que sonhei

Noite aberta, mar fechado
Assim divaga o seu retrato
Sobre mim
Calmaria, explosão
Invariavelmente tudo incide
Numa mutação
“Não posso voltar em 2010”
Recai em mim como um sopro frio
De um só coração
E assim, o mar se abre junto ao dia
Dias e noites
Uma vida vivida
O céu é sempre os outros
Como o inferno está aqui
Não existem poemas felizes
Quanto os tristes me fazem escrever
Diante o assovio de uma coruja
Me lembra o que preciso esquecer
Este descuido que chamo de vida
Não foi escolhida por mim viver
“Mas você foi feita pra mim”
E então eu desisto de ter escrever coisas que machucam
Deveria ver como sem peso nas costas eu andava
Tu poderias até carregar-me
Diante a leveza que tinha
Possuía o maior dos santuários
Dentro de mim morava
A Ingenuidade, irmã da Confiança
Precisavas me sentir assim
Disposta a encarar um dragão por dia
Pra que no final dele,
Chegar em casa fosse
O maior dos meus presentes
Ver um par de olhos a minha espera
Pra falar coisas de amor

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